Copa do Mundo

Empresa alemã vê indícios de propinas de cerca de R$ 3 milhões no Brasil

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 26/03/2015 às 16:41
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A empresa Bilfinger divulgou uma nota nesta quinta-feira (26) admitindo que há indícios de pagamento de propina em negócios com governos no Brasil. Segundo a companhia, os valores irregulares repassados não somam 1 milhão de euros (cerca de R$ 3,5 milhões). Após reportagem do jornal "Bild" afirmar que houve pagamento de propina da empresa para funcionários públicos do Brasil, a Bilfinger divulgou uma nota no domingo informando que havia indícios de irregularidades e que a empresa estava investigando essas denúncias.

Entre vários contratos da Bilfinger no Brasil, está o fornecimento de monitores para o Centro Integrado de Comando e Controle da Copa do Mundo-2014. O órgão, espalhado pelas 12 cidades-sedes do Mundial, centralizava a vigilância e a segurança da competição.

Segundo dados do Portal da Transparência, a empresa recebeu R$ 21,2 milhões do governo federal no ano passado, dos quais R$ 13,1 milhões da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, responsável pelo Centro Integrado de Comando e Controle.

A nota emitida pela Bilfinger reduz drasticamente o valor das possíveis propinas em relação à reportagem que deflagrou as investigações sobre o caso.
De acordo com o Bild, a empresa, através da Mauell, um dos seus braços, pagou 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) em propinas para obter contratos da Copa do Mundo-2014. Além de funcionários e políticos brasileiros, ele acusa a Fifa de ter recebido parte desse dinheiro.

À reportagem, a entidade que controla o futebol mundial e organiza a Mundial disse que "o controle de tráfego e os centros de segurança das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo eram responsabilidades dos governos locais. A Fifa e seus funcionários não se envolveram nos contratos com as cidades-sedes ou o governo federal. Tarefas como controle do tráfego, policiamento, serviços de resgate e bombeiros são claramente responsabilidade das autoridades locais e eles as desempenharam como tal; isso não pertence às áreas de responsabilidade e influência da Fifa. A Fifa lamenta não ter sido contactada pelo jornal 'Bild' antes da publicação do texto para ter sido capaz de esclarecer esses pontos."

O Ministério da Justiça informou ter solicitado à empresa alemã elementos que indiquem o caso de corrupção na contratação da Bilfinger. Anunciou ainda que está providenciando "análise imediata" do processo licitatório em questão.

A ÍNTEGRA DA NOTA DA EMPRESA:
"A Bilfinger informou à autoridade brasileira responsável - CGU (Controladoria-Geral da União). Após a conclusão de suas investigações internas, a Bilfinger irá fornecer os resultados à CGU e continuará a apoiar investigação sobre o incidente.

A investigação foi iniciada com base em conclusões internas de Bilfinger. Além de seus próprios peritos, a empresa contratou a auditoria Ernst & Young, bem como os auditores da Deloitte, além de um escritório de advocacia especializado no Brasil. No ano de 2014, a Bilfinger teve receita de menos de 30 milhões de euros no Brasil. A receita anual do grupo é de 7,7 bilhões de euros."

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