Centralizando

Decreto acaba com venda individual dos direitos de TV do futebol espanhol

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 30/04/2015 às 21:03
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Diante do abismo entre os 'gigantes' Real Madrid e Barcelona e os demais clubes do Campeonato Espanhol, o governo do país aprovou nesta quinta-feira um decreto que prevê a venda centralizada dos direitos de transmissão de futebol.

Ao contrário do que acontece no resto da Europa, a Espanha vinha seguindo um modelo semelhante ao adotado no Brasil, com os clubes negociando os direitos individualmente, proporcionando cotas bem maiores para os grandes.

O novo decreto permitirá à Liga Espanhol (LFP) negociar os direitos como um todo com as operadoras, garantindo assim uma divisão mais equilibrada entre os times.

A LFP também espera aumentar a arrecadação global com a venda desses direitos, hoje muito inferior à Premier League inglesa, que vendeu recentemente a transmissão de 2016 a 2019 por sete bilhões de euros, 2,3 por ano, contra 784,6 milhões do Campeonato Espanhol nesta temporada.

O Real e o Barça levam praticamente a metade do bolo, 140 milhões cada, deixando apenas migalhas aos rivais.

"Nasce uma nova Liga", resumiu o presidente da LFP, Javier Trebas, num comunicado em que comemora a decisão "necessária para o desenvolvimento e o crescimento do nosso setor, para torná-lo ser mais competitivo no mercado nacional e internacional".

Com o novo decreto, 90% do valor pago pelas operadoras será revertido aos clubes de primeira e segunda divisão (90% e 10%, respectivamente).

A repartição entre as equipes também está submetido a novas regras, com 50% do total dividido de forma equitativas, 25% em função dos resultados das últimas temporadas, e os 25% restantes de acordo com diversos aspectos, como o número de torcedores e a audiência gerada.

O ministro dos Esportes, José Ignacio Wert, afirmou numa entrevista coletiva que espera gerar com este novo sistema arrecadação de um bilhão de euros para a transmissão nacional e de 400 a 500 para a internacional, além de "garantir a viabilidade das equipes na competição".

Muitos clubes espanhóis de menor expressão são endividados e os favoritos costumam vencer suas partidas de goleada, resumindo o campeonato a um duelo a distância entre Real e Barça.

O Atlético de Madri acabou com esta hegemonia no ano passado, ao conquistar o título apesar de ter menos recursos que os rivais.

Em 2011, o ex-presidente do Sevilla, José María del Nido, chegou a declarar que a Liga Espanhola "é um campeonato de terceiro mundo, em que dois clubes extorquem o dinheiro de TV dos demais".

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