Escândalo

Marin e mais seis dirigentes da Fifa são presos acusados de corrupção

Marcella César de Albuquerque Falcão
Marcella César de Albuquerque Falcão
Publicado em 27/05/2015 às 8:21
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O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte "prejudicada" pelo episódio. / Foto: FABRICE COFFRINI / AFP

O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte "prejudicada" pelo episódio. Foto: FABRICE COFFRINI / AFP

O ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos EUA. Os cartolas são investigados pela justiça americana em um suposto esquema de corrupção.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, foram detidos, além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel.

Os alvos da operação são principalmente dirigentes da Concacaf, como Webb, presidente da entidade que engloba os países das Américas do Norte e Central e do Caribe.

Agentes chegaram no início da manhã (horário local) ao luxuoso hotel cinco estrelas Baur au Lac, em Zurique, onde os dirigentes estão reunidos para um congresso anual da entidade máxima do futebol. A entrada do prédio foi bloqueada e dezenas de jornalistas se aglomeravam no local.

As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 mi dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.

Além da investigação nos EUA, as autoridades suíças teriam recolhido nesta quarta documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022. A informação ainda não foi confirmada pela entidade.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso. Além dos detidos nesta quarta, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, e contra José Margulies, um suposto intermediário que facilitava pagamentos ilegais.

O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte "prejudicada" pelo episódio, e que está colaborando com as autoridades.

Segundo ele, apesar do momento difícil, a operação desta quarta é uma "coisa boa" para a entidade.
De acordo com o assessor, as autoridades suíças relataram que escolheram esta quarta para as prisões por causa da facilidade em encontrar todos os dirigentes acusados no mesmo lugar.

ELEIÇÃO

A Fifa realiza na sexta-feira (29) a eleição do novo presidente. No cargo desde 1998, Blatter deve ser reeleito com tranquilidade -seu único adversário é o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein. Em comunicado nesta quarta comentando a operação da polícia suíça, Ali disse que "hoje é um dia triste para o futebol".

O ex-jogador português Luís Figo era candidato até semana passada, quando saiu da disputa disparando contra o comando da entidade. Junto dele também desistiu da candidatura o dirigente holandês Michael van Praag. Ambos apoiam agora o príncipe da Jordânia.

Em um comunicado, Figo criticou a eleição de sexta e classificou de "ditadura" o atual modelo de comando da Fifa.

Ao todo, 209 federações votam no pleito. Até agora, do ponto de vista relevante, o príncipe da Jordânia recebeu apenas o apoio dos cartolas europeus, sobretudo do presidente da Uefa, Michel Platini, mas insuficiente para derrotar Blatter.

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