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PF tentará identificar possíveis crimes cometidos no Brasil, diz Cardozo

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 28/05/2015 às 14:58
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Segundo Cardozo, o Brasil já recebeu uma solicitação de cooperação internacional / Foto: Agência Brasil

Segundo Cardozo, o Brasil já recebeu uma solicitação de cooperação internacional Foto: Agência Brasil

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (28) que a Polícia Federal analisa os fatos investigados pela Procuradoria americana sobre o esquema de corrupção na Fifa para identificar onde há indícios de crimes cometidos por dirigentes esportivos que possam ser tipificados na legislação brasileira.

"Só podemos investigar delitos que sejam tipificados pela legislação brasileira. Se neste caso houver, a Polícia Federal abrirá um inquérito e fará uma investigação rigorosa em relação a isso", afirmou.

Segundo Cardozo, o Brasil já recebeu uma solicitação de cooperação internacional para que o país auxiliasse nas investigações. O caso está a cargo da PF.

O Departamento de Justiça americano já havia afirmado nesta quarta (27) que pediria a colaboração das autoridades brasileiras. O procurador Kelly Currie afirmou que a Justiça americana também vai compartilhar informações com os brasileiros para que possam, caso desejem, iniciar suas próprias investigações.

Nesta quarta (27), a polícia suíça, em colaboração com autoridades dos EUA, prendeu o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira do Futebol) José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa por suspeita de fazerem parte do esquema. Um oitavo suspeito, o ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner, se entregou em Trinidad e Tobago.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a maior parte do esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de campeonatos como eliminatórias da Copa do Mundo na América do Norte, a Concacaf, a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil -esta última, organizada pela CBF.

As investigações indicam que Marin dividiu propinas recebidas pela exploração comercial da Copa do Brasil (torneio disputado desde 1989 e disputado pelos principais clubes do país) com Ricardo Teixeira (também ex-vice da CBF) e Marco Polo Del Nero (atual presidente da CBF). A confederação não se pronunciou. O ministro do Esporte, George Hilton, disse que o governo brasileiro vai "acompanhar cada passo" de investigação.

Cardozo disse ainda que irá procurar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal analisem juntos o caso. "A cooperação do Brasil será feita, e em havendo indício de práticas ilícitas perante a legislação brasileira e de órbita federal, agiremos com rigor. É interesse do Brasil que tudo se esclareça", disse.

AGUARDO
O titular do Esporte, no entanto, ponderou que é preciso "aguardar" o desenrolar da apuração e afirmou que não é possível iniciar, por conta própria, uma investigação sobre as denúncias.

"A nossa legislação não nos permite isso [investigação], são entidades privadas. O que o governo vai fazer é, a partir dos esclarecimentos, se posicionar e exigir que se faça o cumprimento do que determina nossa Justiça", afirmou após participar de comissão geral no plenário da Câmara dos Deputados.
O ministro aproveitou para pedir o apoio dos congressistas na aprovação de medida provisória que refinancia as dívidas fiscais dos clubes e impõe contrapartidas a eles.

"Entendemos que é bom neste momento [a investigação na Fifa], não pelo fato em si, mas porque temos aqui na Casa uma proposta -e peço o apoio a todos os nobres colegas- que busca justamente modernizar o nosso futebol, para que a gente possa ter práticas de boa gestão no nosso futebol", disse.

Questionado por jornalistas se o governo apoia a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a CBF, Hilton se limitou a dizer que o Congresso "tem essa prerrogativa". Nesta quarta (27), o senador Romário (PSB-RJ) protocolou requerimento solicitando a criação do grupo.

"O que a gente quer é que as coisas se esclareçam. O governo respeita a independência dos Poderes e se o Parlamento assim entender, temos que respeitar", afirmou.

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