Obsoleto

Fim do Legado: Estádio Olímpico de Montreal deve ser demolido

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 03/09/2015 às 8:49
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Estádio ficou obsoleto e pode ser derrubado em 2019 / Foto: Reprodução

Estádio ficou obsoleto e pode ser derrubado em 2019 Foto: Reprodução

Movimentos perfeitos, o primeiro dez da ginástica e o surgimento de uma estrela. O estádio Olímpico de Montreal, sede dos Jogos de 1976, foi palco para que 56 mil pessoas aplaudissem de pé Nadia Comaneci, que, aos 15 anos, tornaria-se a maior ginasta da história. Se a romena até hoje não foi superada, o estádio ficou obsoleto e pode ser derrubado em 2019.

Único legado daquelas Olimpíadas ainda destinado ao esporte — o centro aquático virou piscina pública e o velódromo se tornou um museu dedicado a exibir os ecossistemas —, a arena — que só zerou seus custo de construção quando foi completada, em 2006 — se tornou inviável economicamente.

Logo depois dos Jogos, o estádio foi arrendado, por 33 anos, para o time de beisebol Montreal Expos, hoje Washington Nationals. Porém, uma exigência da liga norte-americana de beisebol (MLB) obrigou os times a terem estádios próprios. O resultado é que a simples manutenção anual custa US$ 1,2 milhões (R$ 4 milhões) aos cofres públicos de Quebec.

A deterioração também se mostra fatal. Pedaços da cobertura caíram duas vezes e quase feriram pessoas. Hoje, são 6.289 rasgos no revestimento. Cerca de R$ 600 milhões foram destinados à reforma do estádio, mas a conta não inclui o teto.

Outra alternativa seria deixar sem cobertura, já que os cabos tensionados que sustentam o teto têm prazo de validade até 2017. No entanto, isso geraria um custo de impermeabilização do estádio, que ficaria sujeito ao desgaste do forte inverno canadense.

— Antes, as pessoas vinham ver o estádio da Nadia Comaneci e tínhamos movimento. Agora, é muito provável que ele vá ao chão — conta o guia André, o mais antigo do estádio, que preferiu não dar o sobrenome.

Se nada disso for viável, ou não se encontrar uma outra forma de torná-lo rentável, em 2019, ele será demolido lentamente, num processo que pode durar um ano — uma implosão poluiria demais a cidade de Montreal — ao custo de US$ 700 milhões.

O custo total da obra erguida para uma exibição inigualável de perfeições foi US$ 1,3 bilhão. Se, para Nadia Comaneci e a ginástica artística, o Estádio Olímpico foi sede de um momento inesquecível, basta ir ao museu arqueológico da cidade para notar que o povo de Montreal não tem o mesmo carinho. A narradora conta:

— Em 1976, tivemos o nosso Estádio Olímpico. O preço? Vamos mudar de assunto.

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