Polêmica

Repórter diz que inventou fala de técnico francês sobre candomblé

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 16/08/2016 às 20:56
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Atleta Renaud Lavillenie com seu treinador Philippe d’Encausse após a prova do salto com vara / Foto: AFP

Atleta Renaud Lavillenie com seu treinador Philippe d’Encausse após a prova do salto com vara Foto: AFP

Após a publicação, nesta terça-feira (16), no jornal francês Le Monde de declarações polêmicas supostamente ditas por Philippe d’Encausse, que treinou o atleta Renaud Lavillenie, derrotado pelo brasileiro Thiago Braz no salto com vara, o jornalista responsável pela reportagem disse que a declaração foi inventada por ele mesmo. 

No texto, o repórter Anthony Hernandez colocou que o técnico francês teria dito que "forças místicas, talvez as do candomblé" teriam ajudado Thiago Braz a ganhar o ouro na prova das Olimpíadas. No entanto, ele decidiu admitir que tudo não passou de uma construção. A declaração havia sido fortemente criticada nas redes sociais pelos brasileiros como um preconceito religioso e cultural.

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"Foi uma extrapolação pessoal, um trabalho literário. Nem acho que ele (Philippe d´Encausse) saiba o que é candomblé", disse o autor do texto.

Ele contou ainda que o técnico se referiu ao Brasil como um "país bizarro", em tom de admiração, e não de xingamento. "Eu me apoderei desta frase dele 'este país é bizarro', de forma que ele não poderia acreditar no resultado surpreendente. Dali, isso me deu a ideia e, sobretudo, com o cenário irracional desta final, de fazer referência ao candomblé. Naturalmente, essa é uma extrapolação pessoal. Em nenhum caso no meu artigo, eu digo que ele faz referência a isso", contou o jornalista.

MAIS POLÊMICA - Assim como a suposta declaração ao candomblé que teria beneficiado Thiago, a fala do atleta Renaud Lavillenie, que comparou as vaias que levou dos brasileiros que acompanhavam a prova no estádio com a atitude racista dos alemães em relação ao esportista Jesse Owens, também do atletismo, nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, dominada pelo nazismo, também causou revolta nas redes sociais.

"Em 1936, o público estava contra Jesse Owens. Não víamos algo assim desde então. Temos que lidar com isso", afirmou Lavillenie logo após a derrota para Thiago Braz, que ficou com o ouro ao saltar 6,03 metros.

Em entrevista coletiva, Lavillenie admitiu que exagerou na declaração, mas ainda criticou a torcida brasileira. "É a primeira vez que vejo esse tipo de público. Eu já competi em muitos, muitos campeonatos, em muitos países e é a primeira vez que todo mundo está não só contra mim, mas contra todos os saltadores, exceto o brasileiro.”

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