Toronto

Ex-campeã no Parapan de tênis de mesa muda de esporte e é ouro no arco

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 10/08/2015 às 20:23
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Jane Karla Rodrigues Gögel, 40, é ex-campeã parapan-americana do tênis de mesa. / Foto: Divulgação

Jane Karla Rodrigues Gögel, 40, é ex-campeã parapan-americana do tênis de mesa. Foto: Divulgação

Duas medalhas de ouro inéditas no tiro com arco marcaram a segunda-feira (10) do Brasil, até agora, nos Jogos Parapan-americanos de Toronto. Uma das conquistas veio de uma ex-dona de casa que enfrentou um câncer, trocou de modalidade esportiva há um ano e que treina de maneira improvisada, em um campo de futebol.

Jane Karla Rodrigues Gögel, 40, é ex-campeã parapan-americana do tênis de mesa, mas teve de abandonar a modalidade no ano passado, porque não tinha mais condições de ficar sozinha, longe da família, que mora em Goiânia (GO), para treinar com uma equipe em São Paulo.

"O tênis de mesa transformou minha vida, mas não dava mais para ficar longe dos meus filhos [Lucas, 15 e Letícia, 12]. Viajava todos os finais de semana, de ônibus, para vê-los. Estava muito cansada, no meu limite, e tive de parar", disse a campeã, que teve paralisia infantil aos três anos e tornou-se cadeirante.

Com a desistência, Jane, que em 2010 enfrentou um câncer no seio, perdeu o benefício do Bolsa Atleta -incentivo governamental para competidores de alto desempenho- e quase desistiu da carreira de ser desportista. "Precisava de outra chance, não queria parar. Nem quando tive câncer desisti de treinar. Ficava em casa, com meu marido, mesmo depois da quimioterapia, jogando tênis de mesa. Fui para o Parapan de Guadalajara, em 2011, e consegui o ouro. Então, confiava em mim mesma."

Sem apoio, a atleta começou, primeiramente, a treinar esgrima, mas não encontrou respaldo em nenhum clube para competir. "Consegui uma estrutura em Goiânia mesmo para treinar. Uso uma parte do campo do Goiás para treinar e fazia isso por até dez horas por dia." Em abril de 2015, Jane foi para uma competição internacional no Arizona (EUA), quando conseguiu o índice para participar do Parapan, apenas quatro meses antes de Toronto.

"Fui estudando e treinando sem parar. Muita gente começou a me ajudar, fornecer equipamento e os caminhos foram se abrindo. Foi muito emocionante quando consegui a vaga. Bati o recorde do evento, lá nos EUA, e nem acreditei que tinha, de novo, uma vaga para o Parapan".

O resultado em Toronto garante a participação de Jane na Paraolimpíada do Rio, em 2016. "Daqui a duas semanas, participo do mundial do tiro com arco, na Alemanha. Tudo está sendo muito rápido, mas meu objetivo é um resultado bacana no Rio."

A outra medalha de ouro do Brasil no tiro com arco veio do atleta Luciano Rezende, 37, que venceu um canadense na final. O Brasil segue em primeiro lugar no quadro de medalhas do Parapan, com 28 ouros e 62 no total. Em segundo está o México, com 11 ouros, e, em terceiro, o Canadá, com 9 ouros.

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