Relatório sobre esquema de doping russo foi divulgado nesta sexta (9) Foto: AFP
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"Enquanto a manipulação dos testes ocorria, produtos ilegais eram fornecidos", explicou McLaren. "Em Londres, a Rússia ganhou 24 medalhas de ouro e ninguém foi pego no doping", disse. Para o investigador, havia um "sistema disciplinado estabelecido para ganhar medalhas, principalmente nos Jogos de Sochi de 2014" Um banco de amostras limpas de sangue foi transportado para a cidade e, dali, o material era fornecido para que os atletas não fossem pegos.
"Os eventos foram sequestrados pelos russos. Não há como saber por quanto tempo fizeram isso", alertou o investigador, que aponta também para manipulação nos Jogos Paralímpicos de 2012. Antes dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, seu informe preliminar apontou como o consumo de substâncias proibidas por atletas russos era promovido por programas secretos do estado russo, contando inclusive com o apoio dos serviços de inteligência.
As revelações levaram centenas de atletas e entidades a pedir a suspensão da delegação russa dos Jogos do Rio. Mas a opção do Comitê Olímpico Internacional (COI) foi a de manter Rússia no evento e suspender apenas aqueles que não conseguissem provar que estavam limpos. Na época, McLaren acusou o COI de não entender que o doping era generalizado e organizado pelo estado russo.
Agora, suas conclusões revelam a dimensão do escândalo que envolveu diretamente o ex-ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko. O braço direito do presidente Vladimir Putin não foi autorizado a viajar ao Rio de Janeiro. Mas o Kremlin, ao invés de o demitir, o promoveu para o cargo de vice-primeiro-ministro.